“Não é fácil a sociedade aceitar a maldade infantil, mas ela existe … essas crianças (psicopatas) não têm empatia, isto é, não se importam com os sentimentos dos outros e não apresentam sofrimento psíquico pelo que fazem. Manipulam, mentem e podem até matar sem culpa.”
A fala acima, do psiquiatra Fábio Barbirato, chefe da Psiquiatria Infantil da Santa Casa, no Rio de Janeiro, pode parecer assustadora e realmente é. Ela toca em um assunto delicadíssimo: A psicopatia infantil. A maioria das pessoas não sabem, mas existem sim crianças psicopatas. Elas não respeitam os pais, chantageam, roubam, mentem, manipulam, maltratam irmãos e amiguinhos, torturam animais e até, MATAM! Isso mesmo. Elas podem matar. E se você duvida de mim, deixe-me então lhe contar uma historinha.
Em 12 de fevereiro de 1993, Denise Bulger entrou com seu filho, James Bulger, de apenas 3 aninhos de idade, no Strand Shopping Center, na cidade de Liverpool, Inglaterra. Denise não sabia, mas ela nunca mais veria o seu filho vivo.
Ela entrou em um açougue dentro do shopping e 5 segundos de descuido foram o suficiente para James Bulger simplesmente desaparecer. Denise entrou em desespero e logo todos os guardas do Shopping estavam a procura do pequenino James. Mas a busca foi em vão.
Na Foto: James Patrick Bulger. O pequenino James desapareceu misteriosamente no dia 12 de Fevereiro de 1993 em um Shopping na cidade de Liverpool.
Dois dias depois do desaparecimento de James, o horror: Seu corpo foi encontrado partido ao meio em uma ferrovia a 4 km de distância do shopping.
O crime chocou a Inglaterra. Não pelo assassinato em si, mas pela forma horrenda com a qual o pequeno James foi morto. O médico patologista Dr. Alan Williams, que trabalhou no caso, disse que James sofreu 10 fraturas no crânio decorrentes de golpes desferidos com uma barra de ferro, arma a qual foi encontrada no local do crime. No total, havia 42 ferimentos no corpo de James, e segundo o patologista, nenhum poderia ser excluído como golpe fatal.
Mas não era só isso. James foi torturado e abusado sexualmente. Havia tinta nos seus olhos e pilhas em sua boca. Ele estava sem roupas e a polícia suspeitava que o agressor ou agressores introduziram as pilhas em seu ânus. Depois da tortura e do abuso sexual, o pequeno James foi espancado até a morte com a barra de ferro e tijolos. Seu pequenino corpo foi colocado em cima da linha do trem e coberto com pedaços de madeira. Quando o corpo foi encontrado estava partido ao meio. O patologista chegou a conclusão que James já estava morto quando seu corpo foi dilacerado por um Trem.
Na Foto: Quase 1 mês depois, em 01 de Março de 1993, o pequeno James Bulger é enterrado em Liverpool. Centenas de pessoas compareceram ao seu funeral. Créditos da Imagem: Corbis.
Começava a caçada pelo maníaco assassino de James Bulger. O desfecho do caso deixaria não só a Inglaterra, mas o mundo inteiro estarrecidos.
O caso começou a ficar estranho para os investigadores quando 38 testemunhas disseram terem visto uma criança chorando em companhia de duas outras crianças maiores indo em direção ao local onde James foi encontrado. Para essas 38 testemunhas não havia dúvidas: Era o pequeno James. Essa criança que estava chorando possuia as mesmas características de James e estava vestindo as mesmas roupas com as quais ele foi dado como desaparecido. Algumas testemunhas chegaram a discutir com as outras 2 crianças perguntando o que havia com o menorzinho e elas responderam que ele era o irmão mais novo e que o estavam levando para casa.
Não passava pela cabeça de ninguém que uma ou duas crianças poderiam ter assassinado James, mas as tais duas crianças que foram vistas com ele, para a polícia, eram a chave para elucidar o mistério.
O caso James Bulger ficou mais horripilante ainda quando os investigadores examinaram o circuito interno de TV do shopping. Ao examinar as imagens, os investigadores se depararam com algo absolutamente bizarro.
Na Foto: Camêra de segurança do Shopping flagra 2 crianças em atitudes suspeitas. Créditos da Imagem: Corbis.
Analisando os vídeos, os investigadores perceberam 2 crianças em atitudes muito estranhas. Elas pareciam observar outras crianças dentro do shopping, como um lobo que fareja a ovelha. Isso deixou os investigadores boquiabertos pois, aparentemente, eles estavam vendo os passos de 2 supostos assassinos, mas não eram adultos, e sim crianças. As duas crianças ficaram várias horas observando outras crianças até que …
Na Foto: Uma imagem que percorreu o mundo: Imagem original do Circuito Interno de TV do Shopping Stradin mostra o pequeno James sendo levado por 2 crianças. Créditos da Imagem: Corbis
Analisando os vídeos do Circuito Interno de TV do shopping, os investigadores puderam ver o momento em que James é levado para fora do Shopping pelas 2 crianças que a horas observavam outras crianças. Na imagem acima é possível ver que uma delas conduz o pequeno James enquanto a outra caminha mais à frente.
O crime gerou grande comoção e raiva na Inglaterra. Tanto que a família de uma criança, que foi considerada suspeita, teve que mudar de Liverpool depois que a polícia convocou o menino para depor. A pista final veio de uma mulher que viu as imagens do Circuito Interno de TV do Shopping, que passavam insistentemente nas emissoras de TV inglesas, e reconheceu as duas crianças.
Na Foto: Não se engane com o rostinho de Anjo. Jon Venables, 10 anos de idade, sendo fichado pela polícia inglesa em 20 de Fevereiro de 1993 pelo assassinato de James Bulger
Na Foto: O outro “anjinho” era Robert Thompson, 10 anos,
Em novembro de 1993, 9 meses após o assassinato, Jon Venables e Robert Thompson, na época com 11 anos, foram considerados culpados pelo assassinato do pequeno James Bulger. Por serem menores de idade na época, eles deveriam ficar presos até os 18 anos de idade. Entretanto, a sentença imposta pelo tribunal foi de mais de 20 anos de prisão. Seis anos depois, em março de 1999, a Comissão Européia de Direitos Humanos declarou que Jon Venables e Robert Thompson não tiveram um julgamento justo e imparcial (pelo visto os Direitos Humanos são iguais em qualquer lugar), por isso deveriam ser julgados novamente e dessa vez por um tribunal independente.
Em janeiro de 2001, os assassinos ganharam na justiça o direito de uma nova identidade, garantindo assim anonimato para o resto de suas vidas. Cinco meses depois, após completarem 18 anos, Jon Venables e Robert Thompson foram soltos após passarem 8 anos presos. Os pais de James Bulger já haviam se separado devido a perda do filho, Ralph Bulger, pai de James, virou alcóolatra e quase morreu de cirrose. Em novembro de 2004, a mídia inglesa noticiou que a mãe de James, Denise Bulger, seguiu Robert Thompson mas que ficou“paralisada de ódio” ao vê-lo e assim não pode confrontá-lo.
O paradeiro de Robert Thompson continua desconhecido, mas o de Jon Venables não. Em 2008 ele foi preso por posse de cocaína e briga de rua. Dois anos depois ele voltaria para a cadeia e dessa vez por um motivo mais grave. Em 2010, Policiais que investigavam uma quadrilha que trocavam arquivos de pornografia infantil pela internet, encontraram 57 fotos “indecentes” de crianças em seu notebook, algumas delas tinham apenas 2 anos de idade. A investigação concluiu que Jon Venables se passava por uma mulher com interesse em vender sua pequena filha para pedófilos na internet. Ele continua preso e nos próximos meses (entre março e maio de 2013), uma audiência de liberdade condicional deve ser realizada.
Hoje, fevereiro de 2013, dia que escrevo essas linhas, os ingleses lembram os 20 anos do horrendo assassinato de James Bulger e dezenas de matérias e reportagens sobre o caso podem ser lidas nos jornais da terra da Rainha. Uma delas, do períodico inglês Daily Mail, mostra uma entrevista com Laurence Lee, o advogado que defendeu Jon Venables em 1993. Segundo Laurence, desde o início, ele ficou convencido que o menino de “aparencia angelical” Jon Venables era inocente do crime. Para o advogado, Venables estava sobre a maligna influência de Robert Thompson, o qual chegou a chamar de “O Flautista de Hamelin”.
“Ele disse que estava perto do Parque Goodison com Thompson e não no Shopping. Eu acreditei nele. Ele era convincente. Mas Thompson disse a um policial que ambos estiveram no Shopping. O confrontei com esse fato e depois de um momento de silêncio ele disse: Bem, certo, nós estávamos no shopping mas nunca pegamos o menino. Ele então se levantou chorando e abraçou sua mãe.” Diz Laurence na entrevista.
O que Laurence parece não ter percebido era que ele estava frente a frente com um pequeno mentiroso e manipulador, em outras palavras, um pequeno psicopata.
Pouco depois de sua prisão em 2010, Jon Venables chamaria novamente à atenção do mundo. Veja o sinistro desenho que o menino fez semanas antes de assassinar James Bulger.
Na Foto: Desenho de autoria de Jon Venables.
O bizarro desenho de autoria do pequeno Jon Venables mostra o que parece ser um homem esfaqueando duas outras pessoas. Esse menino é ou não perturbado ?
Especulações sobre o comportamento de Jon Venables continuam a todo vapor. Mas apesar da verdade sobre as ações que o levaram novamente a ser preso, podemos admitir que este homem, Jon Venables, sofre com uma grande pressão em cima dos seus ombros, especialmente para alguém profundamente perturbado. Aparentemente, seu amigo, Robert Thompson, parece ter se ajustado melhor à vida. De acordo com o que se sabe sobre a vida dos dois assassinos, Thompson foi sempre a figura mais “ruim”, frio e calculista. Em contraste, Venables parecia ser o que tinha uma perturbação mental mais grave. Gostava de ficar de cabeça pra baixo na escola, fingindo ser um morcego, e uivava loucamente quando professores o confrontavam. Segundo a imprensa britânica, Venables chegou a revelar sua verdadeira identidade para pessoas na rua numa clara tentativa de chamar atenção. Isso mostra que para ele, é quase que impossível viver uma vida secreta, ao contrário do seu amigo Robert Thompson. E nesse ponto, Thompson parece ser aquele tipo de psicopata mais clássico, o que se camufla na sociedade.
OUTRAS CRIANÇAS......OU MONSTRINHOS?
Enquanto você brincava de pique-esconde e bolinha de gude na infância, o americano Kipland Kinkel brincava de decapitar gatos vivos. Gostava também de amarrar e dissecar esquilos. Também gostava de colocar fogo em gatos e arrastá-los pela rua.
Não contente o pequenino Kipland passou a novos métodos de tortura e morte. Uma de suas preferidas era colocar e amarrar fogos de artifícios dentro da boca de gatos e esquilos e explodí-los. À medida que ia crescendo testava seus métodos em animais maiores. Explodiu também algumas vacas.
Seu apelido na escola era “O Pequeno Hitler” e colegas brincavam dizendo que ele seria o homem que iniciaria a Terceira Guerra Mundial. Não chegou a tanto, mas em 1998, aos 15 anos, chocou o mundo. Matou os pais com um rifle, tendo desfigurado o rosto de sua mãe com 3 tiros. No dia seguinte ele dirigiu até sua escola carregando duas pistolas e um rifle semiautomático. Atirou 50 vezes, acertando 37 alunos, 2 morreram.
O adolescente Lee Boyd Malvo aterrorizou os Estados Unidos quando, aos 17 anos, assassinou 10 pessoas em apenas 3 semanas com um Rifle Bushmaster semiautomático.
Ele literalmente praticava tiro ao alvo com o seu rifle. Escondido dentro de um carro, ele assassinou 10 pessoas e feriu outras 3.
Lee Boyd Malvo foi uma criança aparentemente normal. Era obediente e calmo. Mas aos 8 anos começou com um tipo de comportamento preocupante para uma criança: Tortura e morte de animais.
“Ele ficava irritado ao ver um gato na rua. Provavelmente matou alguns deles,” disse um dos psicólogos que o atendeu. Aos 8 anos Lee começou a torturar e matar gatos com pedradas de um estilingue. Assim como faria com humanos tempos depois, o pequeno Lee gostava de praticar tiro ao alvo com seu estilingue em gatinhos.
Autoridades acreditam que ele tenha assassinado 16 pessoas em 8 estados diferentes.
“Sakakibara Seito”, como ficou mundialmente conhecido o garoto que assassinou 2 crianças, em 1997 em Kobe no Japão, também foi uma criança que torturou e assassinou dezenas de animais. Sua brincadeira preferida era enfileirar sapos na calçada e arrebentá-los passando com uma bicicleta por cima.
Gostava também de estrangular e mutilar gatos, espalhando seus pedaços como se fizesse um desenho no chão. Os pombos também eram alvo do pequeno psicopata, Sakakibara gostava de decapitá-los.
Ainda na infância começou a andar com facas, até mesmo frequentando a escola com seus brinquedos.
Na cena dos dois assassinatos cometidos pelo garoto, haviam corpos espalhados de vários gatos mutilados.
Em 02 de Agosto de 1993, Derrick Robie, de apenas 4 anos de idade, foi encontrado morto em uma floresta no Condado de Steuben, estado de Nova York. O garoto havia sido sodomizado com uma vara, estrangulado e teve sua cabeça quebrada com uma pedra.
O caso teve grande repercussão nos Estados Unidos, mas não pelo assassinato em si, e sim por causa do assassino de Derrick. Ele eraErick Smith, de apenas 13 anos de idade.
Antes do crime o garoto já havia sido diagnosticado por psiquiatras com Transtorno Explosivo Intermitente, um transtorno que leva indivíduos a agirem de maneira explosiva e imprevisível.
Aos 9 anos veio os primeiros indícios de que Erick era uma criança doente: Ele estrangulou o gato de um vizinho. Comportamento o qual continou pelos anos seguintes.
A Atiradora da Escola Groover
Em uma segunda-feira do dia 29 de janeiro de 1979, a escola Groover Cleveland Elementary School em San Diego, Califórnia, teve o seu dia de horror. A escola amanheceu sob uma chuva de balas de um atirador. A chuva de tiros vinha da casa em frente ao colégio. O diretor da escola, Burton Wragg, 53 anos, foi morto ao tentar proteger as crianças que entravam para mais um dia de aula, assim como Mike Suchar, 56 anos, o zelador do colégio que tentava ajudar o diretor que agonizava no chão.
20 minutos após os primeiros tiros a polícia cercou a casa e permaneceu lá por mais de 6 horas. O atirador não queria se entregar e chegou a ferir um policial. Quando a polícia finalmente conseguiu prender o atirador, a grande surpresa: O assassino na verdade era uma assassina, uma adolescente de apenas 16 anos de idade.
“Não gosto de segunda-feira. Isso anima o dia. Não houve motivo, e foi só uma grande diversão. Como atirar nos patos de um lago. (As crianças) pareciam um rebanho de vacas andando por lá, foi fácil acertá-las,”disse para espanto dos policiais a atiradora, Brenda Ann Spencer.
Investigando a infância de Brenda a polícia descobriu que a estranha menina tinha uma característica comum em grande parte dos psicopatas assassinos: A tortura de animais. Na infância, Brenda gostava de colocar fogo no rabo de gatos e ver o desespero dos bichanos. Da tortura para o assassinatos dos gatinhos foi um pulo
O Afogador
Em 1986, o americano Jeffrey Bailey Jr, de 9 anos, foi deixado sozinho com o amiguinho Ricky Brown, de 3 anos. Jeffrey levou Ricky para a beira de uma psicina e o empurrou lá dentro. Ricky se debateu por vários minutos, gritando por socorro.
“Em vez de estender o braço, Jeffrey puxou uma cadeira para assistir à morte do menino. Depois foi para casa”, diz a psicóloga forense Katherine Ramsland, da Universidade DeSales, nos EUA.
Ao se encontrar com um vizinho, Jeffrey perguntou “o que era a gosma branca” que sai do nariz de uma pessoa que se afoga. A polícia encontrou o corpo de Ricky às 18h40, cerca de 8 horas após o afogamento. “Foi um acidente”, mentiu Jeffrey.
“Ao ser interrogado, o garoto se mostrou indiferente à morte do amigo. Ele estava mais preocupado em ser o centro das atenções do que em sentir qualquer tipo de remorso pelas coisas que havia feito”, conta Ramsland.
Mary Bell
O nome Mary Flora Bell é uma espécie de sinônimo para crueldade infantil. É o caso mais famoso no mundo de criança com Transtorno de Personalidade Anti-Social. Tão famoso que uma Lei com o seu nome foi estabelecida na Inglaterra em 2003.
Nascida em um lar completamente desfigurado, passou por inúmeros abusos e já aos 2 anos de idade mostrava os primeiros sinais de que não era uma criança normal. Ela adorava espancar suas bonequinhas e não chorava quando machucava. Aos 4 anos tentou matar um coleguinha enforcado e aos 5 presencicou sem nenhum tipo de emoção o atropelamento de um outro amiguinho. Depois que aprendeu a ler ficou incontrolável. Pichava paredes, incendiou a casa onde morava e torturava animais.
Em 1968 o horror: Mary Bell, então aos 10 anos de idade, estrangulou até a morte 2 crianças de 3 e 4 anos de idade. Martin George, 4 anos, foi encontrado morto em uma casa em ruínas na cidade de Newcastle, Inglaterra, em 25 de maio de 1968. No dia seguinte ela tentou estrangular uma outra amiguinha mas o pai da menina chegou a tempo de tirar Mary Bell a bofetadas de cima da filha.
Em 30 de Maio, ela bateu na porta da casa dos pais de Martin George e pediu para falar com ele.
“Martin está morto querida!” disse a mãe do menino.
“Eu sei que ele está morto. Só queria vê-lo no caixão!” respondeu Mary Bell.
Dois meses depois Mary Bell estrangulou até a morte Brian Howe, de 3 anos. Além de estrangulá-lo, a pequena Mary Bell ainda fez cortes em suas pernas e furou seu abdômem.
“Ela não demonstrou remorso, ansiedade ou lágrimas. Ela não sentiu emoção nenhuma em saber que seria presa. Nem ao menos deu um motivo para ter matado. É um caso clássico de sociopatia,” disse o psiquiatra Robert Orton em seu laudo psiquiátrico.
Mary Bell ficou presa durante 11 anos em uma Instituição Psiquiátrica. Saiu em 1980 e em 1984 teve uma filha. Ela tem sua nova identidade e endereço mantidos sob sigilo pela “Ordem Mary Bell”, uma Lei criada em 2003 na Inglaterra que protege a identidade de qualquer criança envolvida em procedimentos legais. Em 2009 tornou-se avó.
Mary Flora Bell, aos 16 anos, em foto tirada quando ainda estava internada
Davi Mota Nogueira
Um anos depois, todos ainda procuram respostas para o que aconteceu na tarde do dia 22 de Setembro de 2011 em São Caetano do Sul, estado de São Paulo, na escola Municipal Alcina Dantas Feijão. Nesse fatídico dia, às 16 horas da tarde, o estudante Davi Mota Nogueira, de apenas 10 anos, pediu para a professora Rosileide Queiros de Oliveira, de 38 anos, para ir ao banheiro. Ela deixou. Ao voltar, o pequeno Davi chegou atirando na professora com um revólver calibre 38 (arma do pai, um guarda-civil). Saiu da sala, colocou a arma na cabeça e puxou o gatilho. A professora sobreviveu aos disparos, mas o pequeno Davi não, ele morreu a caminho do hospital.
Começava ai uma história cheia de mistérios e contradições.
“Ele era a alegria do pai, um menino muito responsável, só tirava notas boas, até cuidava do irmão mais velho,” disse Maurílio Nogueira, o tio do garoto.
“Ela (Rosileide) dizia que o menino fazia brincadeiras violentas com os colegas, respondia de forma malcriada. E falou isso para a direção da escola. Acreditava que não devia estudar ali, mas em uma escola especial,” disse Luís Hayakawo, o namorado da professora atingida com o tiro.
Posteriormente, ao conversar com Rosileide, Luís voltou atrás na declaração.
“Era um menino educado e calmo,” disse uma vizinha de Davi.
Uma coisa é certa, vários colegas de sala de Davi ouviram o menino dizer que mataria a professora. Nenhum deles, porém, acreditou nele. Ou seja, Davi premeditou o crime. Outro fato interessante é que o pai de Davi sentiu falta da arma e foi até o colégio perguntar aos dois filhos (Davi e um irmão mais velho que estudava no mesmo colégio) se algum deles tinham pegado a arma. Diante da negativa dos filhos ele foi embora. Davi mentiu para o pai, algo que segundo o pai, ele nunca havia feito.
O caso Davi é muito complexo, mas deixe-me expressar minha opinião. Eu não sei vocês, mas eu não acho que uma criança que premedita um assassinato, o executa e depois dá um tiro na cabeça possa ser “normal”. Ele era um pequeno psicopata ? Nunca saberemos e é imprudente tentar traçar um perfil psicológico de alguém que não está aqui. Apesar de ilustrar o meu post de crianças psicopatas, não sabemos se Davi realmente era um. Não podemos estigmatizar, mas também não podemos ser negligentes, ele tinha sim algum problema.
Há também um paradigma que deve ser quebrado. O menino era visto pela família como um garoto estudioso, calmo e tranquilo, mas tranquilidade, porém, não significa que ele tinha uma situação emocional estabilizada.
“Quando chega ao limite, a criança pode reagir com choro ou agressividade. Nesta caso específico foi a agressividade,” disse o psicoterapeuta Alessandro Vianna, especialista em comportamento infantil.
Outro indício que poderia levar à conclusão de que Davi sofria de algum transtorno foi um desenho feito por ele e encontrado dentro de sua mochila. O desenho mostrava ele com duas armas desenhadas e um professor. Acima dele havia a frase: ”Eu com 16 anos”
“Não tenho a menor dúvida de que alguma coisa estava acontecendo”, disse Elisabete Pimentel, psicóloga e terapeuta, em entrevista para a Rádio Jovem Pam.
Eu também não!
“O que a gente sabe é que ele não deixou resposta para o homem aqui na Terra. Ele levou com ele e não vai ter especialista ou investigação policial que vai saber o que aconteceu, ninguém”, disse o pai do garoto.
A investigação do caso foi encerrada sem conclusão.
“Ele levou a resposta com ele.” Disse a delegada Lucy Mastellini Fernandes.
“Crianças choram, os pais não vêem!” Foi uma pichação que surgiu no muro do colégio dias após o acontecido.